11 de jul. de 2007

Habitação Medieval e o espaço privado

Basicamente, a configuração típica da habitação medieval européia consistia em um único grande recinto, presente desde a casa camponesa, feita de madeira e adobe até os imponentes castelos de pedra dos senhores mais poderosos.
Na planta-esquema de uma casa camponesa, vemos à esquerda animais e feno; à direita, mais próxima ao fogo uma área destinada ao homem. Apesar de não haver divisão com um corpo físico, é possível perceber uma hierarquia espacial onde o uso humano é priveligiado próximo ao fogo, com a presença das camas representadas pelo número 4. Uma parte mais comum com arcas e mesa com acentos (representadas com o número 3 e 8 respectivamente) está mais central e próxima à porta, numa tentativa de manter alguma privacidade e de demarcar espaços. Há um numero reduzido de móveis e em uma cama, que podia ter larguras variadas, dormiam até 8 pessoas. A única forma de privacidade dentro da residência era uma cortina em volta da cama. A casa contava com um acesso e geralmente uma só janela que estavam sempre fechados para manter e aquecimento. O piso era terra batida, por vezes forrado com palha ou junco. A diferença da casa urbana, é que, quando pertencia a um artesão era provida de segundo piso: oficina no térreo e moradia no superior, onde a planta de ambiente único se repetia. Só que a aglutinação de pessoas deixavam as casas cada vez mais fechadas.
“Fica mais fácil entender a moradia medieval se levarmos em conta que os homens da época passavam muito pouco tempo em casa. Os pobres trabalhavam do nascer ao pôr do sol, e os nobres viajavam a maior parte do tempo. A vida era levada ao ar livre, e a residência, tanto a choupana do camponês quanto o castelo do senhor feudal, não passava de um dormitório ou um providencial refúgio contra as intempéries ou o frio do inverno. Somente com o passar do tempo o conceito de "lar" foi tomando forma, e só a partir daí houve melhorias significativas no desenho do espaço privado.” (1)
Ainda como que aprisionado, da mesma forma que fala o “mito da caverna”, o homem está preso ao trabalho que deve ao seu senhor baseado numa religião aprisionadora e interesseira e talvez por isso a moradia do homem pareça tão ainda com uma caverna real, sem as qualidades que se espera hoje para uma moradia. Antes de antropomorfizar a sua casca protetora, este homem-escravi-animal precisa se antropomorfizar e sair para fora da caverna de si mesmo em busca da libertação.
(1) Jr., Amiraldo M. Gusmão, A experiência do apocalipse,

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