11 de jul. de 2007

BRASIL

As técnicas importadas ou adaptadas para a construção de moradias no brasil são-nos velhas conhecidas... Madeira nos primeiros instantes da colonização (pela ausência de mão-de-obra), cal e pedra logo mais tarde (com a obtenção de cal das conchas), construções de terra (bandeirantismo)... Mas que qualidades espacial e estética ofereciam essas moradias?
A cidade de Paraty-RJ, com seu início datado no séc XIV, possui residências tombadas, veja foto. São enfileiradas, sem afastamentos lateral ou frontal, originalmente sem calçadas.
Talvez por ja possuírem terras, e o local ainda ser emoldurado pelas belezas naturais, os moradores desse tipo de casas e dessa época, não se preocupavam com jardins, bosques, quintal... Em busca da modernidade excluíam o trabalho (fortemente ligado à terra) da 'cidade', da sua 'civilidade'... Mais tarde com a cultura do café surge até a expressão "SEM EIRA NEM BEIRA", que caracteriraza o homem sem posses. A qualidade do espaço interno ainda se restringe ao abrigo e local de dormir... sem banheiro e com cozinha 'fora' da ambiência das casas. Adaptando o uso ou gerando novos materiais às condições sociais existentes encontrei uma explicação para essa atitude frente ao local de morada:
No Brasil a condição térmica leva o habitante a estar sempre fora de casa. No inverno, sai para tomar um solzinho e no verão, para tomar a fresca... As crianças e os idosos que possuem mais tempo livre para estar em casa, raramente estão... Os velhos querem olhar ver os acontecimentos e as crianças brincarem... inclusive estar em casa nessa época é sinal de castigo, para aqueles que não se comportem: " - Passa já pra dentro!" (1)
Na hora de dormir, surgem umas divisões de quarto funcionais. Com a ausência de corredores para chegar aos cômodos: os quarto que abrigam mais de duas camas de solteiro para os filhos são passagem para o quarto dos pais. Desse modo, os pais tinham certa privacidade e podiam controlar melhor os filhos.
A sala é um ambiente pequeno para receber os "de fora", e geralmente dá acesso a cozinha por outro cômodo (utilizado como copa) que é um telhado-varanda em meia-água para proteger o fogão de barro.
(1) Graeff, Edgar de Albuquerque, Cidade Utopia, Editora Vega-SP, 1979

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